PENSAR GRANDE COM PEQUENAS AÇÕES!
Eu
tenho o incrível defeito de não ouvir conselhos e muito menos advertências, com
certeza se os ouvisse, este texto não seria escrito jamais.
Eu
sou um aprendiz incorrigível e graças a esta disposição em aprender, uma das
coisas mais prazerosas da minha curta carreira como professor é não ouvir os “experientes
que sabem demais”, não dar muita atenção aos “grandes nomes internacionais das
revolucionárias teorias da língua escrita”. Mas ouço e guardo tudo o que me
falaram e falam meus “seres sem luz”, principalmente aqueles com rendimento
medíocre para os índices de aprendizagem, (talvez porque eu também tenha sido um
deles).
A
única coisa que admiro pela grandeza são as árvores, eu posso estar com a
pressa que for se vir um flamboaiã, uma cerejeira, uma jabuticabeira, eu paro e
fico admirando, imaginando como uma semente tão pequena foi capaz de gerar algo
tão grandioso e fantasticamente belo. Tudo que eu mais queria era ter uma
floresta diversificada com várias destas espécies, mas sou um sujeito de
pequenas ambições financeiras, não tendo, portanto latifúndio para possuir uma
fazenda que abrigasse minha floresta.
A
solução veio da paciência dos orientais, em pequenos vasos tenho uma floresta
que venho apaixonadamente cultivando a mais de vinte anos. Passo horas
observando-as, vigiando, cuidando... E quando uma delas me presenteia com uma
única flor, eu me sinto o mais feliz dos seres humanos. Minha pitangueira, da
experiência dos seus treze anos e do alto de seus quinze centímetros excedeu as
expectativas e me enche os olhos com seus mais de doze frutos!
- O que isso tem a ver com o trecho
inicial do texto?
Tudo!
Para um grande e rico produtor de frutas, a minha pitangueira passa despercebida,
para uma pessoa que pensa grande, ela deveria estar em um terreno maior,
produzindo muito mais e alguns passariam por ela sem sequer percebe-la!
Por
isso teóricos russos, franceses ou suíços, não me causam o menor interesse,
seus frutos são amadurecidos em estufas, insossos para meu paladar vulgar.
Prefiro o sabor nordestino dos frutos do mestre Paulo Freire, amadurecidos
pelos raios solares que não permitem a estandardização, variam a cada estação
de acordo com as condições da natureza!
Então
contrariando os conselhos dos experientes, ignorando as comprovadas teorias que
dão sólidos embasamentos ao PNAIC (pacto
nacional pela alfabetização na idade certa) me atrevo a dizer com
antecipação que este é mais um elefante branco! Que vai levar para o vale do
desperdício do dinheiro público, juntamente com o lixo produzido pelos livros
consumíveis, projetos para “capacitar” professores e professoras que “não sabem
ensinar”, mais alguns milhões e apresentar no máximo, resultados mínimos.
Como
não tenho tanto dinheiro como o MEC e secretarias estaduais e municipais, que
transferem sem piedade o dinheiro dos nossos impostos para as bem sucedidas
empresas privadas que se especializaram em produzir “ideias perfeitas” para expropriar
os recursos da educação pública, mas tenho “alunos” que não foram alfabetizados
na idade certa. Tenho certeza também que isso não aconteceu por falta de
capacidade dos professores e professoras que me antecederam, nem tão pouco pela
falta dos caros projetos que oneram os cofres da educação. Desenvolvi algumas
atividades, que embora tenham o tamanho de meus bonsais, estão despertando um grande
fascínio nestas crianças. lógico que seriam criticadas pelos que fizeram da educação
um negócio lucrativo e experientes viciados nas modernas teorias que insistem em
ensinar “o que não se deve fazer” e vivem de não fazer nada!
A
exemplo de minha pequena e adorável pitangueira, os frutos que estas atividades
produzem, não são vistos nem admirados por muitos, mas são saborosos, tanto
para meus pequenos gênios medíocres, como para este mediano e pouco ambicioso
professor.
Sem
ser pretencioso e nem egoísta, não gostaria de ganhar dinheiro com isso, apenas
dividir minha pequena obra com o maior número de professores e professoras,
reforçando o conceito Freiriano de que
as frutas sejam servidas de acordo com o paladar ímpar de cada educando. Todas
as sugestões de atividades servem apenas para nortear o trabalho, cada um adube
seu bonsai de acordo com suas necessidades, apenas compartilhem os resultados e
respeitem o meu humilde direito de autoria!
Daqui
a alguns anos tenho certeza que todas as empresas que participaram da
construção destes elementos estarão mais ricas e com novos e geniais projetos,
todos os professores e professoras que participaram do PNAIC, das capacitações e
projetos estarão muito mais preparados, motivados e seguros... Mas número de alunos que não se alfabetizam na
idade certa, (se é que ela existe) continuarão presentes nos índices do MEC,
nas escolas dos estados e municípios brasileiros, porque infelizmente não
fizeram parte deste pacto!
Prof.
Gílberte
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